Ele carregou os nossos pecados sobre si

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Ele carregou os nossos pecados sobre si

Por Raymond C. Ortlund Jr

Isa 53:4 ” Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
Isa 53:5 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
Isa 53:6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós”.

Isaías escreve como se estivéssemos lá junto à cruz, porque realmente estávamos lá. Se não tivesse sido a nossa culpa que exigiu a morte de Jesus, então o que a exigiria? Você lembra do quadro de Rebrandt, The Raising of the Cross, no qual ele pinta a si mesmo como um dos homens que crucificaram o Senhor? Ele não pinta só a Jesus, mas também se inclui nesse cenário. Isaías está fazendo o mesmo aqui, não com uma tela e pincéis, mas com a pena sobre o papel. Ele não está só descrevendo Jesus, também está nos contando uma história. Nós podemos dizer: “Se eu tivesse estado lá, não teria gritado ‘Crucifica-o!’.

Isaías nos leva ao âmago de sua mensagem. Você entende o que ele está dizendo? Jesus foi realmente um homem cheio de sofrimentos, mas eles não eram seus. Ele não os merecia. Esses sofrimentos eram nossos. De uma forma que não somos capazes de entender, Jesus nos substituiu na Cruz. Deus tinha feito aquilo que não tínhamos o direito de fazer – Transferiu a nossa culpa para Jesus Cristo, quando ele morreu pelos pecadores. Ele transferiu para Jesus Cristo a iniqüidade de todos nós.

Os teólogos chamam isso de imputação, do verbo latino imputare (imputar em nome de alguém). A culpa tem que ser paga, não pode ser varrida para debaixo do tapete. Você sabe disso por experiência própria, quando é injustiçado ou ofendido – mesmo numa batida de carro – alguém tem que responder por isso, você ou qualquer outra pessoa. Os danos e os custos não desaparecem simplesmente. Para que haja justiça alguém tem que pagar as despesas. O mesmo acontece com Deus. Não há possibilidade de ele virar as costas para o nosso pecado que está causando danos no seu Universo. Como Deus enfrentará isso? Como esse dano será ressarcido? … Deus transferiu esse infinito débito para um substituto. Jesus Cristo se colocou no lugar dos pecadores, o insuportável peso de nossas culpas lhe foi imputado, e ele “afundou” sob o peso do pecado. “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2Cor.5:21). Esse é o amor de Deus. Substituição é o verdadeiro nome do amor. No livro “Um conto de Duas Cidades” Sydney Carton toma o lugar de um outro homem na guilhotina e derrota o desejo de vingança de Madame Defarge. Quando estava prestes a morrer, uma jovem que também ia ser executada, percebe que Carton havia trocado de lugar com o condenado. Ela lhe diz: “Acho que você me foi enviado pelo Céu”. O Amor sacrificial que se dispõe até mesmo a morrer, o verdadeiro amor vem de Deus. A nossa parte é reconhecer em Jesus o único e verdadeiro amor que existe, e dizer-lhe: “Acho que você me foi enviado pelo céu”.

Olhe para ele. Olhe para ele pendurado na cruz. O que ele está dizendo a você com o seu sacrifício? “Vinde a mim todos que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei” (Mt.11:28). “Vinde que tudo já está preparado” (Lc.14:17). “Vinde a mim… porque convosco farei um concerto perpétuo” (Is.55:3). Olhe para Ele… Veja seu amor por você. Seu sangue está escorrendo e fazendo poças aos pés da cruz. Mas esse sangue não permanece ali como se estivesse perdido ou descartado. Ele flui em nossa direção – nós os culpados. Seu sangue flui em direção a uma mulher que se envergonhou numa pecaminosa procura de amor. Seu sangue lava sua vergonha. Depois essa mesma vergonha flui de volta à cruz, onde envergonhará a Jesus e não será mais um peso para a mulher carregar. Seu sangue flui na direção de um homem prisioneiro da luxúria. Ele descobriu tarde demais que ali não existe consolo, somente um grande vazio e um ódio a si mesmo. Mas o sangue de Jesus flui para esse homem , purifica-o totalmente, e leva seu doloroso pecado de volta para a cruz onde Jesus sofre como se esse pecado fosse seu, libertando esse homem para sempre.

O sangue de Jesus está fluindo para todos os tipos de pecadores, tirando deles a sua culpa, sua vergonha, sua perda, suas lágrimas e desespero, dando-lhes uma vida inteiramente nova. Jesus está lhe dizendo nesse exato momento: “Não quero que você carregue seu fardo nem mais por um instante sequer. Deixe que o castigo que sofri lhe traga a paz. Seja curado através dos açoites que eu recebi”. Somos todos como ovelhas estúpidas que se afastam dele movidos por remédios fúteis que nós mesmos inventamos e pelas desculpas de nossa justiça própria. Quem pode negar isso? Mas veja o que Deus fez. Deus colocou sobre Cristo a iniqüidade de todos nós. Creia nele, e confie a ele a sua culpa. Ele não pôde suportá-la sem morrer, mas mesmo assim tomou-a sobre si.

(Autor do Livro: “Isaias – Deus Salva os Pecadores” publicado no Brasil pela CPAD).